quarta-feira, 26 de junho de 2013

Vendaval


O vento uiva nos fios
voa vento
voam vendavais
revelam-se sibilantes

Ventos varrem as várzeas
ventania em pastos verdejantes
voa varrendo a vastidão
os vazios
as covas novas

Vértice sussurante
vandalizante, voa descabelando
chorões
desnorteando velas
despindo as vestes
de boninas vespertinas

Um vento visceral
vazante
viscoso
violando viciosamente
aves
povos
os vícios vazios

Voa voa voa

Alvoroçando
vibrando em claves
as andorinhas nos fios

Vento de vozes vorazes
de virtutes esquivas
de inverdades veladas

Vento cegueiro
vento de ciscos e traves

Uge
sopra brasas tenazes
vaza vértebras
e voa certeiro

Enverga a árvore
a avó que varre
e a que vai varrer
evocando vozes

Vozes de vento
vento de vozes
vozes que vêm
vozes que vão
vento no vão
poeira vã
no vazio de um chão

terça-feira, 18 de junho de 2013

Soar

Os sinos soam
Soam os sinos
Sinos toscos
Sinos finos
Sim
A sina dos sinos
é soar a sina
da hora finda
Sim
da união linda
da partida
Soam os sinos
nos pináculos dos templos
Sisudos
Cinzentos
Sim
Soam sinos sonolentos
Soam lamentos
Soam alentos
Soam sinalizando
Os tempos
aos ventos
Sim, soam
pontos de som
Sim princípio
Sim fim

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Penas


Passos descompassados
rastros
O mesmo caminho já gasto
esculpindo
memórias em alabastro

Solo magnético
pêso
garras cibernéticas
frenéticas
Cadeias dialéticas
confinam um cético

Pés pisam o pó
de antepassados
além do véu transpassados
 já desataram o nó
Desintegrados
integram-se ao chão

Pés que saltam
em pequenos voos
vinhos
substancias
pequenas transcendencias
aos herdeiros da decadencia

Duras penas
Peso de vento
te aprisionam do firmamento
penas arrancadas
de asas quebradas
pela geração
pés no chão

A abóbada mestra
convexa
se abre límpida
no arco pleno
tão simples
ora complexa
aduelas nítidas
feitas de sereno

Espera que o peso
deixe teus ombros
que saltes desta tua matéria
que te misture ao vento
e que tuas penas sejam apenas
das asas do teu pensamento