quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Reflexo

De olhos abertos vejo a menina, anos atrás, com seu colant de ballet, sentada em um banco, sozinha ela sonha buscando no horizonte tão imenso e tão verde dicas do agora, outrora. A menina outras vezes acorda de madrugada, perde o sono preocupada com o depois, sobe até o morro das paineiras e vai assistir o sol nascer. Enquanto o arrebol pinta céu e terra de mil cores rubras, ela inspira o ar da manhã, e pondera no agora, outrora. Tantas manhãs o céu demora a colorir a terra do verde e sem esperança a menina chora, as lágrimas dizendo tantas palavras mudas, sem ombros. A menina sonha ser mulher, independente, ser bonita pelo menos uma vez, com os olhos fitando aquela glória do talvez.
Hoje, diante das janelas vejo a mulher, bonita, independente, fitando com olhos perdidos o dia tão cinza lá fora, olhando com saudades nos olhos da menina do outrora, agora.

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